segunda-feira, 6 de julho de 2009



Chuvas caídas
Em tardes de Verão
Pingos roubados pelo vento em sofreguidão
Olhos que choram o toque já perdido
Num corpo inerte em amorfo viver.
Chuvas caídas
No caminho percorrido
Enlameado e envolto num triste doer.
Chuvas caídas
Em cabelo esvoaçante
Escorrido e belo no vento soprado
Gotas que tombam em rosto suado
Passos incertos em rumo titubeante.
Lágrimas esquecidas da palavra verdade
Procuram sentidas um porto para guarida
Sentem o escorrer de leve eternidade
Pois são chuvas caídas...
Ofertando-te esta minha saudade.





Garça Real





15 comentários:

Pena disse...

Linda Amiga:
"Confeccionou um belo poema com a sua peculiar harmoniosodade e encanto.
"...Gotas que tombam em rosto suado
Passos incertos em rumo titubeante.
Lágrimas esquecidas da palavra verdade
Procuram sentidas um porto para guarida
Sentem o escorrer de leve eternidade
Pois são chuvas caídas...

Palavras sinceras que irão ter a bom porto e nunca cairão na eterna saudade porque são puras de verdade e autenticidade maravilhosa.
Lindo.
Beijinhos de profundo respeito e veneração por ser divinal...
Com admiração constante.


pena

Bem-Haja, amiga poetiza de sonho.

O Árabe disse...

O porto chegará, amiga... ele sempre chega, para nos fazer vencer a saudade. :) Boa semana!

rosa dourada/ondina azul disse...

Belo Poema com aroma de chuva a cair:)))

Desejo-te uma semana
bem colorida e aromatizada:)

Beijinho,

Nuno de Sousa disse...

Realmente este verão tem tido mtas chuvas :-)
Mas que belo texto, mais um cheio de qualidade e beleza, adoro aqui estar e ler o que escreves.
Bjs em ti e um bom dia para ti,
NUno

vieira calado disse...

Chuvas já caídas...

como a saudade!


Bjs

Maria Emília disse...

Belo poema, mais triste. Não diz com o nome Garça Real. A garça não se deixa nunca apanhar. Recordo-me que uma vez, tinha treze anos, apareceu no nosso colégio que ficava à beira do deserto do Calaari, na cidade do Namibe, um casal de garças. Esquecemos tudo e fomos a correr atrás das aves. Perdemo-nos no deserto e não conseguimos apanhá-las.
Só uma pequena história para lhe dizer que há que virar a página.
Um grande beijinho,
Maria Emília

Anónimo disse...

Inspiração.

Entre tantos toques e rimas
Entre tantas dores e paixões
Encontro você minha menina.
Alma sempre tocante e fina.

Se me aguarda tão longe
Distante em todo instante
Chegarei em cada palavra
Revestida do teu carinho.

Se saio tanto do compasso
Sei que perco só um passo
Faltando uma singela nota
Para canção que não pára.

Pelas noites todas adentro
Feitas dum breve momento
Quão eterno quanto infinito
Nosso amor é muito bonito.


ps. Boa semana, menina.

tulipa disse...

AMIGA
Sempre construindo belos poemas, com mágicas palavras que "naturalmente" saem de dentro desse coração.

Por aqui tudo na mesma.
Muita tristeza.
Mas, diga-me: não se pode sentir tristeza? Por acaso é proibido?
Tristeza e alegria são duas emoções bem distintas uma da outra, mas são emoções na mesma.
Porque será que sou sempre criticada quando revelo as minhas emoções?... e, neste momento é a tristeza que predomina.

O problema é que as pessoas não querem se aperceber da verdadeira realidade dos outros, mas a realidade não é sempre cor-de-rosa, pois não?
Quantas pessoas já pararam para pensar:
- quanto custa não termos quem nos pergunte e queira saber realmente de nós...porque estamos tristes...!!!
Deve ser terrível não termos na nossa vida quem queira saber.
Deve ser NÃO.
É MESMO MUITO TRISTE.
Mas cada vez mais as pessoas não olham...não sentem...a tristeza dos outros...

Desculpe o meu desabafo.
Beijos e abraços.
NOTA: com a "ajuda" dos verdadeiros amigos irei ficar mais alegre, tenho a certeza.

Anónimo disse...

Speaking...
About me.

...................................

Dialética

É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz
Mas acontece que eu sou triste...

Vinícius de Moraes

.....................................

Os Três Mal-Amados

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.

O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.

O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.

O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.

Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.

O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.

O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.

O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.

O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.

O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.

O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.

João Cabral de Melo Neto

...................................

Vós, que sofreis, porque amais, amai ainda mais. Morrer de amor é viver dele.

Victor Hugo


ps. Boa semana, menina.

vieira calado disse...

Passei

reli

e deixo

as minhas saudações.

A.S. disse...

Garça Real,

Caminhos trilhados por gotas
Na dor e no amor esculpidos
E a lágrima nova se lança
Tem gosto de chuva nos sentidos,
De sal e também de esperança.


Um beijo meu...

Anónimo disse...

Querida Garça real,

Versos que escorregam por entre os dedos.... como a água cristalina.

Lindo!!

Bom final de semana.

Beijos da

Maria

Pena disse...

Linda Amiga:
VOCÊ deve ter os olhos mais belos do Planeta.
É linda...sabia?
Perfeito versejar delicioso.
Maravilhado por um olhar que nos aconchega de ternura.
Beijinhos de respeito imenso perante a sua encantadora e doce formas de estar e ser

pena

Bem-Haja pelo seu sentir e pela amizade maravilhosa que é.
OBRIGADO pela sua amizade.

OUTONO disse...

Depois de ler....fica-se expectante. Lê-se segunda vez...e dialoga-se com o poema...rimado e envolvente de um clima chuvoso em tempo quente e, saudade apelo, em tempo perdido.

São quase águas de Março...cantadas em Julho.

Voltarei ao Lago.

Beijinho

O Árabe disse...

Desejando uma boa semana... e aguardando o novo post. :)